Brumadinho: Gilberto Abramo diz que plano de emergência da Vale foi falho

Republicano presidiu audiência pública da CPI de Brumadinho na quinta-feira (4), que ouviu alguns dos envolvidos no caso

Publicado em 5/7/2019 - 00:00 Atualizado em 1/7/2020 - 17:53

Brasília (DF) – O deputado federal Gilberto Abramo (PRB-MG) presidiu a audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho, nesta quinta-feira (4) na Câmara dos Deputados. O republicano ouviu alguns dos envolvidos no caso e destacou as várias falhas cometidas pela empresa Vale, responsável pelo rompimento da barragem na mina Córrego do Feijão, que matou mais de 245 pessoas.

“Percebemos, ao ouvir os interrogados, a existência de um plano de emergência completamente falho. Além de ignorarem os sinais de alerta, as sirenes foram instaladas pouco antes do ocorrido e sem testes de eficiência. O tempo de fuga para os trabalhadores, afirmado como entre 1 e 2 minutos, foi claramente insuficiente para desocupar o local”, disse Gilberto Abramo.

O engenheiro Denis Valentim foi convocado para prestar esclarecimentos na condição de investigado, mas não compareceu. O profissional representa a Tüv Süd, que atestou a segurança da barragem de Brumadinho pouco antes do rompimento da estrutura.

Ana Lucia Yoda, engenheira geotécnica da Tractebel Engenharia, empresa que assegurou a estabilidade da barragem de Brumadinho até junho de 2018 – antes da Tüv Süd – foi a primeira a comentar o caso como testemunha.

Yoda afirmou que não viu indícios claros de perigo durante sua participação nas verificações de segurança. “Muitos falam que as evidências eram claras, mas a gente imagina encontrar trincas ou água saindo com lama. Até onde eu estava presente, menos de um ano antes da tragédia, não vi nada do tipo. Essa é a nossa maior luta no momento: tentar entender, tecnicamente, o gatilho para o desastre”, comentou.

Joaquim Pimenta, engenheiro da Pimenta Àvila, empresa responsável pelas inspeções de segurança das barragens da Vale durante 15 anos, também foi uma das testemunhas. “Em 2001 nós fomos chamados para formular e implantar um programa de segurança de barragens para as barragens da Vale. Até 2015 trabalhamos nesse sistema, inspecionando regularmente as barragens e fazendo recomendações de ações corretivas. Durante esse período não houve problemas com as barragens da Vale”, afirmou.

O último a prestar depoimento foi o coordenador do Plano de Ação de Emergência da Barragem – PAEBM da Vale, Marco Conegundes. O funcionário era responsável por acionar as sirenes de emergência, mas não estava no local no momento do rompimento e só soube do acontecido 30 minutos depois.

Conegundes disse que não sabia dos problemas apresentados pela barragem de Brumadinho e por isso não notou necessidade de interdição dos locais de circulação de pessoas. “O que se esperava da estrutura era um rompimento progressivo, com níveis de emergência acionados conforme a necessidade. Como não havia risco iminente, teríamos tempo suficiente para desocupar o local. Infelizmente tudo aconteceu muito rápido e não deu tempo de executar o Plano”, comentou.

Uma nova reunião foi marcada para a próxima quinta-feira (11), às 9:00, com realização de nova audiência pública e deliberação de requerimentos.

CPI de Brumadinho

A CPI investiga as causas do rompimento da barragem de mineração Mina Córrego do Feijão, da empresa Vale, situada no município de Brumadinho, em Minas Gerais. O desastre aconteceu em 25 de janeiro e matou mais de 245 pessoas.

Texto: Thifany Batista, com edição de Mônica Donato / Ascom – Liderança do PRB
Fotos: Douglas Gomes

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