Vacina contra HPV: São Paulo poderia ser modelo

Artigo escrito por Gilmaci Santos, deputado estadual pelo PRB São Paulo e líder da bancada na Assembleia

Publicado em 1/10/2012 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 16:02

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou projeto de lei que propõe a adoção de vacina contra o papilomavírus humano, o HPV, em meninas entre nove e 13 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta será analisada pela Câmara dos Deputados e espera a aprovação dos parlamentares. O PL prevê um gasto de R$ 600 milhões no ano em que for implantado, e R$ 150 milhões no ano seguinte.

É claro que fico feliz ao saber da decisão dos senadores, mas não podemos esquecer que São Paulo possui um projeto de lei semelhante. Apresentei, em 2008, o PL 287, que autoriza o Poder Executivo a disponibilizar, nas unidades de saúde do Estado de São Paulo, a vacina contra o papilomavírus humano (HPV). A proposta foi bem recebida pela sociedade, passou pelas comissões permanentes da Assembleia e desde 2009 aguarda ser votada pelos deputados.

Espero que São Paulo aprove antes mesmo da Câmara dos Deputados votarem a iniciativa similar. Muitos municípios brasileiros já disponibilizaram a vacina em unidades do SUS e aprovar a medida na esfera estadual demonstraria avanços na saúde.

Vários países já utilizam esse tipo de abordagem no sistema público de saúde, isso porque o HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum, com mais de 40 subtipos, sendo que alguns podem causar câncer de colo de útero e verrugas genitais. Pelo menos 50% dos homens e mulheres sexualmente ativos contrairão HPV em algum momento de suas vidas, entretanto, na maior parte das vezes, o HPV não causa sintomas. Em 2010, a doença matou 4.986 mulheres. Mesmo não existindo levantamentos exatos sobre casos de HPV no país, estima-se que a doença afetou ou afetará 75% da população.

Nos Estados Unidos, as sociedades médicas têm recomendado a adoção da vacina desde que sua primeira versão foi aprovada, em 2006. Por lá, a medicação é indicada, inclusive para garotos e mulheres mais velhas, como forma de evitar doenças associadas ao vírus.

Mas independente da idade limite da vacina, o importante é que a imunização seja realizada antes da exposição ao vírus. Utilizá-la com certeza evitaria muitas mortes. Na Austrália, um medicamento semelhante já protege contra quatro tipos de HPV e atingiu a cobertura de 80% dos casos. Como resultado, o país reduziu em 90% as verrugas genitais de sua população. Especialistas acreditam que se a vacina fosse utilizada da mesma forma no Brasil reduziríamos de 30% a 50% os tumores em um período de cerca de dez anos.

Segundo especialistas, a vacina é quase 100% eficaz e é fundamental utilizá-la na prevenção do câncer. Além disso, o investimento em qualquer tipo de vacina preventiva torna-se menor que o custo para o tratamento da doença já desenvolvida, isso reduziria custos com o tratamento de doenças mais complexas desenvolvidas pelo vírus. Como se sabe, a prevenção ainda é a melhor forma de diminuir a incidência de certas doenças.

Ainda torço para que o projeto apresentado aqui na Assembleia Legislativa seja aprovado. A vacina já foi distribuída gratuitamente em diversos locais do Brasil, como Catalão (GO), Araraquara, Itu, São Francisco do Conde (BA) e São Pedro de Alcântara (SC). São Paulo não pode ir na contramão da necessidade de nossa população. O que está em jogo neste momento são a saúde e as vidas de muitas pessoas.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB São Paulo e líder da bancada na Assembleia

 

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