Outubro Rosa

Artigo escrito por George Hilton, deputado federal pelo PRB Minas Gerais e líder do partido na Câmara dos Deputados

Publicado em 15/10/2013 - 00:00 Atualizado em 8/6/2020 - 09:05

Mulher, de onde surge a palavra? O termo vem do latim muliere e há algumas hipóteses. Uma delas associa muliere a outras duas palavras latinas: os verbos mulgere, “ordenhar”, emulcere, “acariciar”. Segundo essa hipótese, a palavra poderia ter sido usada para designar as fêmeas em geral, e em particular às que produzissem leite.

Outubro é o décimo mês do ano no calendário gregoriano, mas deve o seu nome à palavra latina octo (oito), dado que era o oitavo mês do calendário romano, que começava em março.

Agora, sobre rosa, tem-se que começar pelo gineceu, que é o conjunto de órgãos reprodutores femininos de uma flor, o conjunto dos pistilos. Engloba os carpelos, constituídos pelos estigmas, estiletese ovários, localizando-se, em quase todos os casos, no centro da flor.

Isso posto, cor-de-rosa significa romantismo, ternura e está culturalmente associada ao universo feminino. Aliás, outras características como beleza, suavidade, pureza, manifestadas pela cor rosa, geralmente, são também atribuídas às mulheres. Os tons de rosa escuro estão associados à sensualidade e à sedução feminina.

Mas o que vem a ser o Outubro Rosa? É um movimento mundial que teve origem em 1990, na primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York. Em 1997, entidades das cidades de Yuba e Lodi, também nos Estados Unidos, começaram a promover atividades voltadas ao diagnóstico e prevenção do câncer de mama, escolhendo o mês de outubro como epicentro das ações. A partir daí, o movimento tomou proporções internacionais.

No Brasil, o movimento começou no dia 2 de outubro de 2002, com a iluminação em rosa do monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista, conhecido como Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo. Nos anos seguintes outros pontos turísticos foram iluminados de rosa, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Pinacoteca de Santos, Palácio do Planalto, Congresso Nacional, entre outros.

O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido à sua alta frequência e pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.

Este tipo de câncer representa nos países ocidentais uma das principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua frequência tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes em suas taxas de incidência ajustadas por idade nos registros de câncer de base populacional de diversos continentes. Tem-se documentado também o aumento no risco de mulheres migrantes de áreas de baixo risco para áreas de risco alto. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Cancerologia indica que uma em cada 10 mulheres tem a probabilidade de desenvolver um câncer de mama durante a sua vida.

No Brasil, o câncer de mama é o que mais causa mortes entre as mulheres. Em 2008, foram registrados 12.089 mortes decorrentes deste tipo de câncer. Dos 518.510 novos casos de câncer diagnosticados em 2012, o câncer de mama será o segundo mais incidente entre a população feminina, sendo responsável por 52.680 novos casos.

Quando realizado por um médico ou enfermeira treinados, o exame clínico de mamas (ECM) pode detectar tumor de até 1 (um) centímetro, se superficial. A sensibilidade do ECM varia de 57% a 83% em mulheres com idade entre 50 e 59 anos, e em torno de 71% nas que estão entre 40 e 49 anos. Um estudo canadense sugere que o exame clínico tem a mesma efetividade que o uso combinado de mamografia e exame clínico em mulheres de 50 a 59 anos. Além disso, um estudo americano apresenta uma taxa de detecção de câncer de mama maior quando somente a mamografia está alterada do que quando somente o exame clínico está alterado. Quando ambos estão alterados, a taxa de detecção quadruplica.

Estudos sobre a efetividade da mamografia sempre utilizam o exame clínico como exame adicional, o que torna difícil distinguir a sensibilidade do método como estratégia isolada de rastreamento. Os ensaios clínicos sugerem uma redução em 30% da mortalidade por câncer de mama em mulheres de 50 a 69 anos envolvidas em programas de rastreamento. Para aquelas com idade entre 40 e 49 anos, a literatura é controversa, mas aponta para uma redução da ordem de 23%.

Atualmente, devido a grande desordem na gestão da saúde nas esferas públicas, muitas mulheres não conseguem fazer a mamografia. Outras até fazem, mas não conseguem dar continuidade aos tratamentos específicos, pois uma hora falta medicamento, outra hora falta equipamento e faltam até profissionais especializados para acompanharem as pacientes. Triste destino é reservado àquelas pessoas que são acometidas da enfermidade e não possuem recursos financeiros e/ou acessos.

Finalizando, urge criar e manter esforços integrados e perenes para esse tipo de diagnóstico e tratamento, uma vez que a detecção precoce inibirá os incomensuráveis gastos governamentais, bem como mitigará o sofrimento dos portadores da doença e de seus familiares. Um Brasil de todos se faz com foco para todos os cidadãos. Que o movimento OUTUBRO ROSA alcance suas metas e retire mortes e sofrimentos das famílias brasileiras.

*George Hilton é deputado federal pelo PRB Minas Gerais e líder do partido na Câmara dos Deputados

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