Desabafo sobre a Copa do Mundo

Artigo escrito por Celso Russomanno, especialista em Direito do Consumidor.

Publicado em 16/6/2014 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 15:37

Enfim, a Copa no Mundo começou. Há 7 anos, quando foi anunciado que o Brasil seria a sede do Mundial, os brasileiros vibraram com a expectativa de trazer para terras brasileiras um evento tão importante e sonharam com os benefícios e as melhorias que ele traria consigo: transporte público, segurança, saúde, infraestrutura, educação.

Os anos foram passando e nada aconteceu. As constantes notícias sobre atrasos e superfaturamento das obras, os problemas sociais de sempre continuavam a atormentar o cidadão que um dia sonhou com uma infraestrutura mínima de qualidade. De repente ficou claro para nós brasileiros que, ao invés de trazer os benefícios prometidos, a Copa Mundo apenas extraiu dos cofres público o dinheiro dos nossos impostos – e boa parte dele escoou pelo ralo da corrupção.

Resultado? Revolta, descontamento e, logo, eclodiram as manifestações de junho de 2013. Com o aumento de vandalismo durante as passeatas, a adesão diminuiu, mas a insatisfação permaneceu. Mesmo festa de abertura da Copa, não teve força suficiente para reverter este quadro. A verdade é que o espírito patriota perdeu força em meio a tamanha desilusão do que poderia ter acontecido e não aconteceu. Do que poderia ter melhorado e não melhorou.

É verdade que a chamada ‘indústria do turismo’ movimenta bilhões de dólares, gera milhares de empregos, qualifica os profissionais e aumenta a cultura da população, mas sou radicalmente contra usar dinheiro público para a construção dos estádios.

O dinheiro público deve ser usado para garantir serviços públicos de qualidade. Parece óbvio? Parece que para o governo não. A saúde pública, por exemplo, está uma lástima. O cidadão espera meses por uma consulta especializada, quase um ano ou mais por um exame de ressonância magnética, tomografia, entre outros. Este é o caos a que estamos submetidos.

Até mesmo aqueles que tem um pouco de condição para adquirem um plano de saúde estão fadados ao mesmo destino, pois os planos e seguros saúde ‘pintam e bordam’ com o consumidor, com a justificativa de que a saúde pública está ainda pior.

Apesar de tudo, como brasileiro, torço pelo meu país. Desejo que nossos jogadores e comissão técnica tragam o hexa para o Brasil e alegrem o coração de milhões de brasileiros apaixonados.

Ainda tenho a esperança que, independentemente de qualquer evento esportivo, nossos governantes pensem de verdade nas necessidades do população e façam este país crescer, não por interesses políticos ou pessoais, mas apenas por amor à pátria.

Vamos em frente Brasil!

*Celso Russomanno, especialista em Direito do Consumidor

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