As mudanças no Ensino Médio

Artigo escrito por Márcio Marinho, deputado federal pelo PRB Bahia e líder do partido na Câmara dos Deputados

Publicado em 30/9/2016 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 14:02

Se procurarmos algo em comum entre os países desenvolvidos o que encontraremos é a existência de uma política educacional para o Como Fazer – “Know How”. Nenhum deles fica indefinidamente fazendo análises críticas de como a invenção da roda criou uma sociedade desigual. O que eles procuram estudar a partir da roda é como fazê-la girar controladamente com menor atrito.

O sucesso deles em relação ao Brasil não dependeu de uma prévia acumulação de capital, nem é tampouco devido à ética ou à geopolítica. O segredo do sucesso deles pode ser dimensionado a partir dos resultados do Teste Internacional da qualidade da educação: o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).

O declínio internacional do Brasil na classificação do teste do ano 2000 até agora é preocupante. Durante esse período a discussão da educação era limitada ao aumento dos salários dos professores, enquanto o desempenho dos alunos foi decadente desde a primeira edição do Teste Pisa.

No ano de 2000, o Brasil estava na 40ª colocação em Matemática, em 2012, desceu para 58ª posição. Em leitura, estava em 37º e chegou a 55º lugar no ano de 2012. Em ciências, estava em 40ºlugar e despencou para a 59ª posição dentre 65 países.

Quando se viu, no fim de semana que passou, as inúmeras críticas que a Medida Provisória do Ensino Médio sofreu é possível imaginar que o Brasil ensina muita retórica e pouca lógica. Qualquer pessoa com inteligência prática sabe que os resultados de uma política comprovam o grau de acerto dela. Se o teste Pisa apresentou esses resultados, só podemos concluir que a tal pátria educadora é um retumbante fracasso.

Os especialistas que elaboraram o teste escolheram apenas três disciplinas para medir a qualidade do capital humano, porque sabem que elas são a base de todo conhecimento. Ninguém pode ousar fazer um avião se não souber ler os conhecimentos acumulados de mecânica e aerodinâmica. Para compreender a leitura de mecânica é preciso conhecer matemática. Logo, é priorizando esses conhecimentos que o Brasil pode aspirar a ter um capital humano que produza o desenvolvimento que esperamos.

Com base na tabela de países do teste Pisa, podemos dizer que os alunos brasileiros não sabem ler, nem fazer contas. Mesmo com essa realidade, assistimos bem-pensantes e até radialista de futebol de várzea criticarem a Medida Provisória que retirou a obrigatoriedade de sociologia e filosofia do Ensino Médio.

O governo do Brasil finalmente atentou para esses problemas estruturais que dificultam o desenvolvimento nacional. Um dos principais deles é a qualificação e a melhoria do capital humano brasileiro. O jovem precisa receber do Estado uma educação mais aprofundada que lhe permita saber equações matemáticas e interpretação de texto. Se não modificarmos a política para permitir isso, maior será a desigualdade na sociedade.

*Márcio Marinho é deputado federal pelo PRB Bahia e líder do partido na Câmara dos Deputados

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