Áreas de descanso: uma necessidade mais que urgente

Artigo escrito por Sula Miranda, coordenadora nacional do PRB Transporte

Publicado em 7/4/2014 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 19:31

Dirigir muito e descansar pouco. Uma rotina na vida dos milhares de caminhoneiros que recebem por frete. Dia e noite eles estão na estrada. A maioria sempre com pressa, porque trabalha como autônomo e quanto mais viaja, mais ganha. Só que quanto mais viaja e menos descansa, maior é o risco de acidente. É uma conta perigosa, por vezes mortal.

É preciso dar condição para esses trabalhadores executarem a sua função da maneira mais correta. Ou seja, eles precisam ter um lugar de descanso. Não adianta o caminhoneiro se “jogar” no meio do mato ou parar em um posto de gasolina qualquer, onde o índice de assaltos com consequências mortais é alto. Há outros riscos, sequestros, prostituição, etc. Isso justifica uma verdade: o motorista não dorme, o motorista superficializa o sono. É preciso ficar atento sempre.

Por isso, eu defendo a construção de áreas de apoio com a infraestrutura necessária para o caminhoneiro descansar. Essa situação, muito rara nas estradas brasileiras é uma condição essencial para a melhoria do transporte rodoviário e consequentemente a diminuição dos acidentes nas estradas e outros problemas que já se tornaram rotina.

Existem leis que impõem paradas aos motoristas profissionais, mas mais uma vez surgiram empecilhos. O primeiro é que o Governo Federal vetou um artigo de uma proposta que obriga as concessionárias de rodovias a construírem as áreas de descanso. A justificativa do Ministério dos Transportes, que vetou esse projeto é que isso pode aumentar o preço do pedágios e consequentemente o valor do frete.

Sei – é o segundo problema – que há muita imprudência e também negligência de muitos caminhoneiros, mas, como diz o ditado “é

preciso estimular a formiga para o formigueiro operar de forma coesa e correta”. Leis e obrigações devem sim ser seguidas, mas é preciso estímulo para tal.

É preciso debater em audiências públicas a possibilidade dos novos concessionários incluírem nas suas obrigações as instalações de pontos de parada. Sei que nas atuais fica muito difícil porque isso significa rompimento de contrato e rompimento de contrato abre uma brecha para várias outras coisas que viriam por trás disso. Então eu prefiro evitar polêmicas, ser ágil e pragmática (prática), porque se não olharmos com atenção para esse problema, com certeza o número de acidentes vai aumentar.

É uma via de duas mãos. O sistema precisa de ajustes e só haverá correção se houver início pela base, que é o tratamento digno ao trabalho do motorista de caminhão.

*Sula Miranda é coordenadora nacional do PRB Transporte

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