FRB realiza primeiro curso de política inclusiva para surdos

Aula foi ministrada para alunos da Apada/DF com o auxílio de profissionais intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras)

Publicado em 28/11/2016 - 00:00 Atualizado em 8/6/2020 - 10:15

Brasília (DF) – A Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos do Distrito Federal (Apada/DF) recebeu, na manhã da última sexta-feira (25) a equipe da Fundação Republicana Brasileira (FRB) para o primeiro curso de política inclusiva para surdos. A aula foi ministrada pelo mestre em Ciência Política Valdir Pucci, com o auxílio dos intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras), Esmeralda Castro, Soraia Rodrigues e Wnilson Ribeiro. A iniciativa é fruto de um projeto de acessibilidade criado pela presidente da FRB, Telma Franco.

Sobre a necessidade de mobilização para a efetivação de direitos, Pucci argumentou: “É necessário engajamento para que tenhamos a sociedade que buscamos. Democracia e participação não acontecem da noite para o dia. A democracia também é uma forma de consciência. Entendo que não é fácil romper barreiras, principalmente a inércia em relação à política, mas precisamos ser uma Nação com noções de pertencimento. É importante pensar na coletividade”.

Telma Franco explicou a ideia e o compromisso de ampliar as atividades em 2017. “Foi nosso primeiro contato com a comunidade surda, então consideramos como um curso piloto, que será aperfeiçoado para atendê-los cada vez melhor. No ano que vem, o objetivo é produzir mais material sobre políticas públicas específicas, estender a proposta e realizar um grande lançamento, que contará com a participação de parceiros, em especial do deputado Carlos Gomes, que tem experiência e atua de mãos dadas conosco”, disse. A assessora parlamentar Jéssica Pereira prestigiou o evento como representante do deputado federal Carlos Gomes (PRB-RS).

curso-politica-frb-na-adapa-df-foto2-carlos-gonzaga-28-11-16Para o presidente da Apada/DF, Marcos Brito, além de conscientização, o curso oportunizou caminhos para o atendimento aos anseios primordiais dos surdos. “Como a sociedade não está preparada para receber essas pessoas, elas têm enorme dificuldade de acesso à informação e de busca por seus direitos. Agradeço a Fundação Republicana por proporcionar não apenas conhecimento, mas a oportunidade de participação. Esse curso vai ao encontro de uma necessidade básica e propõe empoderamento, pois mostra que, independente de condição ou deficiência, somos todos cidadãos políticos”, esclareceu.

O jovem Filipe Correia nasceu ouvinte, mas contraiu meningite aos 10 meses de idade – o que provocou perda auditiva profunda. Ele sofreu muito na infância e na adolescência por desconhecimento da sociedade sobre os direitos dos deficientes. Hoje, engajado politicamente, ele representa o Conselho Nacional de Pessoas com Deficiência e também é servidor do Tribunal de Justiça do DF. “Muitos surdos não têm informação, principalmente do mundo político, não sabem como lutar por seus direitos, resolver problemas. Esse curso motiva as pessoas a se encontrarem como verdadeiros cidadãos. Gostei muito de todas as orientações e penso que esse trabalho deve ser levado para todo o país, para que a comunidade surda brasileira possa se fortalecer. Agradeço a Fundação por proporcionar o curso gratuitamente, pois é muito interessante e importante”, disse.

Os alunos se mostraram atentos ao conteúdo exposto e participaram ativamente com questionamentos sobre políticas de atendimento aos deficientes auditivos. A respeito da dificuldade que enfrentam para ter acesso aos meios de comunicação, como a televisão, por exemplo, enfatizaram que detalhes como o tamanho das janelas de interpretação, legendas e cores escolhidas para as fontes, fazem total diferença na compreensão das mensagens.

A Associação

A Apada/DF funciona na região central de Brasília e tem como objetivo atender surdos, familiares e a comunidade interessada. A instituição oferece serviços como letramento de surdos, atendimento psicológico, curso de Libras, oficinas de arte, além de cursos preparatórios, profissionalizantes e de idiomas.

Texto: Suellen Siqueira / Ascom – FRB
Fotos: Carlos Gonzaga

 

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