Desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade no País

Artigo escrito por Ana Lúcia, coordenadora estadual do PRB Mulher Pernambuco

Publicado em 8/8/2016 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 14:10

Estamos em 2016, é bem verdade que avanços significativos já foram conquistados por nós, mulheres, na sociedade brasileira. Porém, quando o tema se refere ao mercado de trabalho formal, a luta pela igualdade salarial entre gêneros ainda precisa avançar muito. Considerando a percepção geral da população, os brasileiros colocam o Brasil dentre os países mais desiguais do mundo.

Segundo dados divulgados em novembro de 2015 pelo Fórum Econômico Mundial, os salários das mulheres são até 19,6% menores que os dos homens. Tornando, assim, o mercado formal de trabalho muito mais favorável ao gênero masculino. Em um ranking mundial no qual se compara a relação de igualdade entre os gêneros nos países, divulgado também em 2015, no que se refere à equiparação dos salários, o Brasil ocupa a 71ª colocação, caindo nove posições em relação aos dados divulgados em 2013, quando estava na 62ª posição. De acordo ainda com o relatório, o país apresentou uma “ligeira queda na igualdade salarial e renda média estimada para o sexo feminino”.

Ainda nos dados do relatório de Desigualdade de Gênero, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, os indicadores brasileiros colocam o Brasil, no grupo dos países mais desiguais na questão de gênero (acompanhado do Japão e Emirados Árabes) estes últimos, embora tenham feito investimentos importantes na educação das mulheres, porém não conseguiram remover as barreiras da participação igualitária delas na força de trabalho. Para alguns especialistas na área de recursos humanos, as mulheres brasileiras já conseguiram alcançar a igualdade com os homens em muitos quesitos importantes como saúde e educação. Todavia, quando chegam ao mercado de trabalho com o mesmo nível de formação e experiência, se deparam com muitas barreiras, sendo a mais grave a salarial.

Nesta perspectiva, sabendo que ainda predomina uma visão preconceituosa e dualista entre empregadores brasileiros, precisamos avançar na construção de políticas públicas no intuito de levar os empregadores a reconhecerem que as mulheres têm tanta capacidade quanto o homem no mercado de trabalho. Que as competências dos gêneros se complementam, uma vez que as características diferentes de cada sexo possibilitam, aos profissionais perceberem os desafios do trabalho de maneiras diferentes e encontrem soluções e possibilidades que poderiam passar imperceptíveis se vistas apenas por uma determinada ótica.

Como mulher, esposa, mãe, profissional da educação, posso dizer que há vinte e três anos acompanho o desenvolvimento do ser humano, desde a infância, e mesmo com avanços históricos, a sociedade atual é organizada em função do homem e que há uma longa caminhada na desconstrução dessa realidade. Nessa caminhada, a intervenção da escola e especificamente o papel do educador, como formador de opinião, serão de extrema e fundamental importância para construir um alicerce na base desta sociedade excludente e preconceituosa, que poderá facilitar um processo de transformação social de maiores proporções.

*Professora Ana Lúcia – Coordenadora Estadual do PRB Mulher em Pernambuco

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