“O PRB será lembrado pela modernização do esporte brasileiro”, afirma Rogerio Hamam

A entrevista da semana é com o secretário nacional de Futebol e dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Rogerio Hamam

Publicado em 29/2/2016 - 00:00 Atualizado em 9/6/2020 - 17:56

O entrevistado da semana é o secretário nacional de Futebol e dos Direitos do Torcedor, o republicano Rogerio Hamam. Ele assumiu o cargo em março de 2015 e tem se dedicado aos projetos que visam a modernização da gestão da modalidade no Brasil. Um dos exemplos foi a lei que possibilitou a negociação das dívidas dos clubes com a União, a atualização do Estatuto do Torcedor, reformulação da Lei Pelé e criação de uma legislação trabalhista específica para o futebol.

Formado em administração de empresas, com pós-graduação em Marketing, MBA em Turismo e mestrado em Hospitalidade, Hamam tem 43 anos e traz no currículo uma grande experiência como dirigente de um dos maiores times do país e foi secretário de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo antes de assumir o cargo no Ministério do Esporte.

 

ENTREVISTA

 

Agência PRB Nacional – Secretário, obrigado por atender nosso pedido de entrevista.

Rogerio Hamam: Primeiramente quero agradecer pela oportunidade. É sempre uma satisfação enorme falar com os nossos amigos republicanos. É uma grande honra também estar à frente da secretaria nacional do futebol, representando esse que é um partido efetivamente nota 10.

 

Agência PRB Nacional – Nos conte um pouco sobre sua trajetória política até chegar ao Ministério do Esporte.

Rogerio Hamam: A minha história começou na campanha do nosso candidato Celso Russomanno a prefeito de São Paulo, em que eu fazia parte da equipe que preparou o Programa de Governo. Eu tive oportunidade de coordenar três áreas: Turismo, Esporte e Cultura. Em 2013, coordenei o movimento nacional do PRB Turismo e depois fui convidado a assumir a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, de maio de 2013 até o final de 2014. Logo em seguida, quando o PRB foi indicado para assumir o Ministério do Esporte, considerando meu histórico com o futebol, já que eu tive uma atuação como dirigente do São Paulo Futebol Clube, fui indicado para assumir a Secretaria Nacional do Futebol e dos Direitos do Torcedor. Estou na função desde março do ano passado, dando a minha contribuição para aprimorar o desenvolvimento do futebol, não só o de alto rendimento e profissional, mas também o amador e o feminino, que é tão carente de políticas públicas.

 

Agência PRB Nacional – Antes da trajetória política, o senhor teve passagens importantes pelo futebol brasileiro. Fale um pouco sobre essa experiência.

Rogerio Hamam: Foi uma fase muito relevante na minha vida e rica em aprendizado. Eu participei da direção do São Paulo Futebol Clube, quando montamos a primeira equipe profissional de futebol feminino no final de 1996. Nossa equipe venceu todas as competições que disputou, trazendo visibilidade e uma valorização muita grande para a modalidade, inclusive com resultados expressivos para o Brasil, com a conquista de duas medalhas de prata e um vice campeonato mundial em Olimpíadas. Essa é uma passagem que tenho muito carinho e orgulho porque me aproximou do futebol e, desde então, tenho procurado colaborar com o desenvolvimento do futebol feminino, agora, de forma mais efetiva, assumindo um cargo público da maior importância dentro do Poder Executivo Federal. Estou motivado, ainda mais, para promover competições que valorizem a modalidade e lutem contra a discriminação de gênero que ocorre no futebol.

 

Agência PRB Nacional – O senhor esteve do outro lado, como dirigente de futebol, e agora está no comando da Secretaria Nacional de Futebol e dos Direitos do Torcedor. De que forma essa experiência no futebol tem contribuído com seu trabalho?

Rogerio Hamam: O olhar de quem teve do outro lado é de quem sabe das dificuldades, dos obstáculos e de como é difícil superar esses problemas. Toda essa vivência tem me ajudado na busca de alternativas que possam efetivamente trazer resultados. Quando você conhece o problema fica mais fácil buscar uma solução. Então, esse aprendizado me trouxe a bagagem necessária para implementar essas novas ações para o desenvolvimento do futebol.

 

Agência PRB Nacional – Hoje, com uma visão mais ampla sobre o esporte no Brasil, o senhor pode nos dizer quais são as deficiências encontradas e o que precisa ser feito para fortalecer o futebol brasileiro?

Rogerio Hamam: É sempre uma questão de prioridade, governar é escolher. O momento até agora foi de concentração de esforços em virtude da realização dos Jogos Olímpicos, assim como ocorreu com a Copa do Mundo de 2014. Passando essa etapa (isso é um entendimento com o ministro George Hilton), a prioridade será a criação do Sistema Nacional do Esporte. Um projeto que vai justamente estabelecer ferramentas que possam trazer orientação nessa relação entre o município, estado e a União, e também com a organizações não-governamentais, incluindo entidades particulares. Nossa prioridade é construir um sistema que tenha metas e objetivos claros para criar uma base estrutural do esporte. Finalizada as Olimpíadas, a concentração será na base, na formação de atletas e melhores cidadãos. Eu tenho convicção de que essa deve ser a prioridade do nosso trabalho.

 

Agência PRB Nacional – Este será um ano muito importante para o esporte brasileiro por conta dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Quais têm sido as atividades desenvolvidas pela secretaria nacional para realização deste evento?

Rogerio Hamam: Como o ministro George Hilton reiteradamente tem dito, nós estamos vivendo um ciclo virtuoso no esporte brasileiro com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Rio. É raro e talvez um momento único para o esporte nacional. Com relação ao futebol, foram implementadas algumas ações e investimentos na estrutura de centros de treinamentos para fortalecer e buscar o desenvolvimento contínuo da modalidade. Os Jogos Olímpicos vão cumprir essa agenda de investimentos e esse será uma legado esportivo imensurável. A secretaria nacional tem colaborado nesse sentido, porque, na verdade, as competições não ocorrerão somente no Rio de Janeiro. Os jogos serão realizados em Manaus, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília. Diante desse cenário, existe uma necessidade de ter um órgão que acompanhe a realização das competições, já que a nossa estrutura será, praticamente, concentrada no Rio, onde teremos mais de 40 modalidades. 

 

Agência PRB Nacional – O deputado federal Márcio Marinho, na condição de presidente da Comissão do Esporte, tem defendido muito que os Jogos Olímpicos devem deixar um legado para o Brasil, e defende a criação da Universidade do Esporte no Rio de Janeiro. Como está o andamento dessa proposta?

Rogerio Hamam: O deputado Márcio Marinho, nosso líder na Câmara dos Deputados, teve uma atuação brilhante à frente da Comissão do Esporte no ano passado. Ele sempre esteve muito atuante, buscando iniciativas e promovendo debates sobre esse tema. Realmente, o legado esportivo é uma preocupação do deputado e também do ministro. A Universidade do Esporte é uma proposta excepcional que deve ser encarrada com muita seriedade. Nós entendemos que a partir do momento em que sejam identificados os recursos disponíveis, teremos condições de criar esse importante centro acadêmico. Nós temos dedicado esforços para primeiro cumprir a nossa missão de realizar os jogos olímpicos e depois começarmos a implantação da universidade.

 

Agência PRB Nacional – E com relação à violência nos estádios, principalmente, a que é causada pelas torcidas organizadas? Qual têm sido a atuação da secretaria para enfrentar esse problema?

Rogerio Hamam: É importante falar sobre esse assunto porque a experiência acumulada na Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo me trouxe uma entendimento muito grande de que investir na valorização das pessoas e na busca por iniciativas que fortaleçam a cidadania e a inclusão social. Existe um entendimento no ministério de que esses infratores que cometem atos de violência nos estádios devem ser identificados e punidos, mas os demais torcedores não podem sofrer as mesmas punições sem ter culpa. É bom lembrar que se faz necessário o trabalho de prevenção, de valorização da cidadania, por isso está sendo desenvolvido o projeto “Torcida Cidadã”, que vai trazer a instrução e a capacitação desses torcedores para que sejam valorizadas as ações de conscientização e cidadania nos jogos de futebol. Então, ao mesmo tempo que o Ministério da Justiça busca identificar e punir esse torcedor que comete atos de vandalismo e violência nos estádios, nós trabalhamos um lado mais social, focado no fortalecimento da cidadania em conjunto com os membros das torcidas organizadas.

 

Agência PRB Nacional – Qual é a avaliação que o senhor faz desses 13 anos do Estatuto do Torcedor? Ele tem sido um instrumento relevante para garantir de direitos?

Rogerio Hamam:  Foi um instrumento valioso para criar diretrizes e normas que valorizam o espetáculo promovido em campo. Existe um trabalho aqui no Ministério do Esporte que é a segunda fase do projeto de modernização do futebol. A primeira foi justamente a publicação da Lei nº 13.155/15, do Profut, que contou com o empenho do ministro George Hilton no chamamento direcionado aos representantes da cadeia produtiva do futebol, atletas, representantes, dirigentes, federações, árbitros. Agora, nós temos condições de fazer o refinanciamento das dívidas dos clubes com a União, projetado em torno de R$ 4 bilhões de reais. A lei trouxe o referenciamento, mas não sem as contrapartidas necessárias aos clubes que tenha direito a negociação da dívida. Entre essas exigências estão: a necessidade de transparência, modernização e publicação de balanços financeiros organizados; o pagamento em dia os atletas e funcionários; a necessidade de um mandato de 4 anos com apenas uma recondução; e outras exigências que criam esse novo momento do futebol brasileiro. A lei do Profut foi a maior conquista desde que assumimos a secretaria. Além dela, nós também desenvolvemos um programa que fomenta o futebol amador que é o “Futebol para Todos”, lançado na semana passada pelo ministro George Hilton. Completamos, ainda, todas as ações do futebol feminino, que antes só tinha uma competição universitária. Promovemos o campeonato Sub 20, futsal e vamos lançar uma competição escolar também. Todas as nossas metas projetadas para esse primeiro ano foram cumpridas e agora sim temos o grande desafio de atualizar o Estatuto do Torcedor, reformular a Lei Pelé e criar uma legislação trabalhista específica para o futebol, com objetivo de acabar com as várias interpretações jurídicas. Acreditamos que essas três frentes de atuação podem resultar num grande documento que seria o Marco Regulatório do Futebol. Esse trabalho representa o segundo grande passo, depois do Profut, rumo a modernização da modalidade. Eu tenho convicção que ao final desse nosso mandato à frente do Ministério do Esporte, o partido vai deixar uma marca muito forte para o novo momento da gestão do futebol brasileiro. O PRB será lembrado pela modernização do esporte brasileiro.

 

Texto: Agência PRB Nacional
Foto: Ascom – Ministério do Esporte

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