Conheça a trajetória de Telma Franco – primeira mulher a chegar à presidência da FRB

Uma vida dedicada à política do bem

Publicado em 5/12/2016 - 00:00 Atualizado em 9/6/2020 - 17:27

Filha e neta de baianos, Telma Franco tem sangue nordestino e origem paulista. Nascida em Vila Paulicéia, em São Bernardo do Campo (SP), no dia 25 de setembro de 1964, cresceu no bairro repleto de casas familiares e pequenos comércios. Teve uma infância movimentada, que incluía correr pelas ruas apertando as campainhas da vizinhança, andar de bicicleta, fazer amigos, elaborar trabalhos artísticos e colecionar estripulias na escola. No boletim, notas azuis em Língua Portuguesa e destaque para os resultados em matemática e ciências. Acostumou-se a ir à feira com a mãe e as três irmãs uma vez por semana e a comer pastel fresco no café da manhã. Aprendeu com o pai a importância do suor do trabalho e o valor de cada centavo conquistado.

Casada há 27 anos com o empreendedor Marco Franco dedica quase o mesmo período aos trabalhos políticos. Antes foi recepcionista, telefonista, vendedora e atendente bancária. Já na política atuou como voluntária, assessora parlamentar, secretária executiva, organizadora de eventos e coordenou atividades sociais, assistenciais e campanhas eleitorais. Participou da criação do Partido Republicano Brasileiro e percorreu o país ministrando palestras. Pioneira nos trabalhos setoriais do partido, contribuiu também para a criação do PRB Mulher e foi a primeira coordenadora regional do movimento feminino no Distrito Federal. Devido à rotina atarefada e a demanda de atividades em várias partes do país, por um tempo não pôde estabelecer residência fixa. Morou na capital paulista, no Rio de Janeiro e em Brasília – onde em 2008, iniciou sua história com a Fundação Republicana Brasileira.

Formada em Gestão Pública pela Universidade Metodista, está concluindo MBA em Gestão de Pessoas e chegou a cursar também alguns períodos de Relações Públicas e Administração de Empresas. Acredita na força do voluntariado e prefere trabalhar em equipe. Recruta e treina colaboradores desde o início de sua carreira profissional. Em entrevista, a primeira mulher a assumir a presidência da FRB fala sobre sua trajetória, pontua os desafios da gestão e explica como concilia uma rotina de estudos, pesquisas, trabalho e vida pessoal.

 

FRB – Quando surgiu o interesse pelos temas e trabalhos políticos?

Telma Franco – Desde criança meu pai conversava a respeito comigo e minhas irmãs. Assistíamos ao noticiário e ele pedia para prestarmos atenção e depois opinar. Mesmo obedecendo sempre, eu não estava muito interessada e detestava política. Acompanhava meus pais no dia da votação e via os dois cumprindo aquele direito de escolha. Na escola havia uma matéria chamada educação moral e cívica e lá eu gostava dos assuntos abordados. Percebi que, na verdade eu já gostava de política, quando fiz um curso técnico num colégio onde havia um grupo de alunos que sempre reivindicavam melhorias, reclamavam sobre professores faltosos e demandas do interesse de todos. Um dia fui convidada a participar do grupo, que recebeu o carinhoso nome de “Os baderneiros” (risos). Hoje compreendo que recebemos esse título porque ninguém reclamava das situações irregulares além de nós. Comecei a trabalhar aos 16 anos e a partir dali acompanhei as greves dos metalúrgicos, que eram muito fortes na minha cidade. Eu via aquele pessoal e achava interessante ficar ali observando como buscavam a efetivação dos direitos dos trabalhadores. Eu já estava envolvida com a política e não sabia.

 

FRB – Quando se casou? Como concilia trabalho e vida familiar?

TF – Estou casada há 27 anos com o Marco. Sou cristã e meu casamento está alicerçado nos princípios e ensinamentos de Jesus. Somos amigos, parceiros. Meu trabalho tem horários e dias diferenciados de um emprego tradicional. Trabalho há 25 anos com política e muitos sábados, domingos, feriados estamos em atividade. E meu esposo sempre me deu total apoio porque também acredita na causa. Juntos, ajustamos nossos compromissos e conseguimos conciliar casamento, vida pessoal e profissional. Como há concordância e apoio, seguimos com êxito.

 

Qual foi seu primeiro contato com o PRB? 

TF – Quando nasceu o PRB eu estava lá e participei do processo. Na Avenida Paulista, num escritório pequeno e apertado, um grupo de voluntários começou a organizar  a estrutura, no aguardo da homologação do partido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Viemos a Brasília, depois fomos para o Rio de Janeiro trabalhar no partido, na Fundação e nas eleições para o senador Marcelo Crivella, para o então deputado Vitor Paulo e outros representantes. Foi um trabalho intenso.

 

Durante esses anos dedicados ao trabalho político, a senhora passou por diversos estados. O que motivou essa experiência?

TF – Trabalhei em vários estados propagando os conceitos republicanos como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Distrito Federal, entre outros. Quando você fala de um partido limpo, transparente, com pessoas comprometidas é bom e prazeroso disseminar seus ideais.

 

A senhora foi a primeira colaboradora da FRB. Como foi o início dos trabalhos na instituição?

TF – Começamos num espaço muito pequeno, utilizando uma sala com dez cadeiras para ministrar o curso de política. Os recursos financeiros eram escassos e, para produzir os materiais informativos usávamos uma impressora caseira jato de tinta. Nesse período, apenas seis colaboradores se dividiam entre as tarefas do partido e da Fundação. Em 2011, fomos para um espaço maior, com 200 m², no Edifício Ariston do Setor Comercial Sul (DF). Lá, conseguimos montar uma sala para aulas e palestras com vinte cadeiras universitárias. Ainda num espaço pequeno, os colaboradores se apertavam em duas salas. Ali, implantamos os cursos de idiomas e a alfabetização de jovens e adultos. Nesse período, a contribuição de muitos voluntários foi fundamental para o desenvolvimento das atividades.

O então presidente Mauro Silva esteve por dois mandatos à frente do trabalho: de 2011 até fevereiro de 2015. Em 2013, a Fundação recebeu um novo espaço, de 600m², auditório, instalações mais confortáveis, salas setorizadas, biblioteca, refeitório para os funcionários. Ele ampliou as atividades, percorreu dezenas de cidades e estados com o curso de política, realizou seminários, simpósios e lançou novas mídias. Depois foi lançada a primeira subseção, na capital paulista. A partir desse crescimento, a instituição teve mais reconhecimento e respeito.

 

A senhora foi pioneira do PRB Mulher Nacional junto com a atual coordenadora, a deputada federal Rosangela Gomes (PRB/RJ). Como articularam o trabalho com a militância feminina? 

TF – No período em que eu estava no Rio de Janeiro, assumi a Secretaria Nacional do PRB Mulher. O movimento nasceu e eu posso dizer que fui a mãe que amamentou, cuidou e o ajudou a crescer e ser o importante instrumento de inserção e valorização da mulher no processo político. Após intensas pesquisas e estudo minucioso, elaborei o Programa Nacional de Inserção da Mulher na Política Brasileira como documento principal para dar diretrizes a todo o trabalho que seria realizado junto ao PRB Mulher.

A deputada Rosangela confiou no meu trabalho e, juntas, fomos buscando nomes para empossar as coordenadoras estaduais, organizando seminários para oferecer cursos de capacitação. Foi idealizado o 1º Congresso do PRB Mulher e demais atividades. Todo esse trabalho foi realizado com muita vontade de obter bons resultados. As condições eram precárias e o número de colaboradores, pequeno. O PRB estava começando a andar. Com esforço mútuo de pessoas como o tesoureiro Mauro Silva, Helen Assumpção, Ana Rita, Lilian Lima, conseguimos contribuir  um pouco para o crescimento desse trabalho.

 

Como foi atuar como coordenadora do movimento feminino no Distrito Federal? Quais desafios enfrentados?

TF – Durante quase dois anos, dei início à criação e disseminação do PRB Mulher no Distrito Federal. Alcançamos muitas mulheres que participaram do curso de política e fizemos um forte movimento contra a violência à mulher. Lançamos o projeto Tenda da Mulher nos principais locais de grande circulação de pessoas, com a exposição de imagens fortes de mulheres agredidas por seus parceiros, oferecemos atendimento psicológico e informativos sobre os canais de denúncia. O espaço oferecia um alerta contra esse crime e orientações de onde buscar apoio. No mesmo dia, uma passeata finalizava o evento. Nesse período, a legenda aumentou o número de filiações partidárias do público feminino.

Enfrentamos muitos desafios. A verdade é que a sociedade não apoiava a participação da mulher na política. Ouvimos comentários absurdos, enfrentamos preconceitos e descrédito, mas avançamos porque soubemos respeitar as diferenças e não sair do foco: acreditar no potencial de cada mulher brasileira. Elas podem, sim, ocupar os espaços políticos desse país.

 

A senhora ficou conhecida no partido pela dedicação e organização de eventos institucionais. Quando descobriu esse talento?

TF – O PRB foi convidado a realizar com outras fundações partidárias atos em todo o país sobre reforma política, educação, tributos. O presidente da legenda (à época) me indicou para discutir o assunto com os demais partidos e, nesses encontros, escolheram o meu nome para organizar o primeiro evento que ocorreu na Câmara dos Deputados, no auditório Freitas Nobre. Apenas nossos convidados lotaram o espaço e os palestrantes abrilhantaram. A partir daquele dia, passei a organizar todos os demais atos e, consequentemente, os eventos institucionais do PRB e da FRB. Gosto muito desse trabalho. Um evento bem organizado é referência de respeito aos convidados. E nossos convidados são os cidadãos que acreditam no PRB, na FRB. Nos preparamos para receber as pessoas da melhor forma possível. Tenho a satisfação de contar com uma equipe de colaboradores e voluntários muito dedicados, que fazem total diferença.

 

Qual foi sua reação ao ser escolhida pela executiva nacional para assumir o cargo de presidente da FRB, já que estava habituada a trabalhar nos bastidores?

TF – Durante o processo de criação da FRB, eu já trabalhava no partido, então participei do nascimento da instituição e comecei a exercer minhas atividades em favor do seu desenvolvimento. Foi um aprendizado profundo durante nove anos atuando na gerência administrativa. Fomos crescendo, inovando e sempre contando com apoio imprescindível de uma equipe de profissionais competentes, dedicados e comprometidos com os valores éticos.

O presidente anterior, que havia assumido no ano passado, pediu renúncia. Posteriormente, fiquei muito surpresa com a indicação do meu nome para ser a presidente interina até o final do exercício, com nova eleição até 25 de fevereiro de 2017. Recebi muitas mensagens de carinho, de várias partes do Brasil, compartilhando comigo dessa alegria e, ao mesmo tempo, enorme responsabilidade. Com dedicação, pautada numa gestão de transparência, comprometida com os resultados, estou me empenhando para honrar a missão a mim confiada. Aproveito a oportunidade para registrar os meus agradecimentos a Deus, ao ministro Marcos Pereira, ao presidente interino do PRB Eduardo Lopes, ao tesoureiro nacional Mauro Silva  e todos os membros da executiva do PRB pela confiança.

 

Quais experiências nesses 25 anos de trabalho na política foram mais enriquecedoras e contribuem para o seu mandato à frente da FRB?

TF – Tive momentos de muitas alegrias e também decepções, mas sempre acreditei na política do bem. Minhas melhores experiências são as que adquiri estando perto das pessoas, conhecendo suas dificuldades, compartilhando do seu dia a dia e sentindo a sua dor. Principalmente vendo de perto o descaso daqueles que estão na política em favor de causas próprias e não para cumprir suas obrigações de representantes eleitos para atender a população. O convívio com o povo me torna uma pessoa melhor e me enriquece como gestora.

 

Qual a sua expectativa para o trabalho que será desenvolvido até fevereiro de 2017?

TF – Em respeito aos cidadãos, darei continuidade aos projetos da instituição e buscarei o fortalecimento das iniciativas que contribuirão com o desenvolvimento técnico e cultural. Estamos estreitando laços com universitários, professores e a sociedade civil para os debates políticos. Queremos um alcance maior nos cursos de educação política, palestras e foco nos temas voltados para idosos, jovens, acessibilidade e atividades de intercâmbio cultural.

 

Como resumir o trabalho da FRB? Qual a importância das atividades desenvolvidas?

TF – Posso resumir a FRB como uma instituição séria, que trabalha com transparência, qualidade nos serviços oferecidos e comprometimento com a sociedade. A FRB cumpre o  fundamento do Republicanismo que é zelar pela coisa pública. Durante esses nove anos, tivemos as contas da instituição aprovadas, sem ressalvas, pelos órgãos fiscalizadores. E enfrentamos todos os obstáculos para oferecer o melhor para a população.

Acredito que só por meio da educação é que podemos transformar pessoas. É isso que a FRB tem se dedicado, levando, através da educação, a conscientização dos valores da política. A política do bem é a nossa prática, acreditamos que, se cada um fizer a sua parte, teremos um país melhor, com pessoas mais atuantes, conscientes dos seus direitos e deveres.

 

Alguma experiência importante da sua vida pessoal que queira compartilhar? 

TF – Durante essa estrada, encontrei pessoas maravilhosas, mas também encontrei pessoas que só praticaram o mal. Encontrei homens simples e os soberbos. Aprendi que o poder não transforma a pessoa para pior, apenas contribui para que seja revelada a pessoa de má-fé que já existe ali. Nada é mais importante do que saber respeitar as pessoas, as diferenças e amá-las. É importante praticar o bem, não importa a quem seja. Só valeu e ainda vale a pena todo o trabalho que realizo porque sei que, só tenho valor, se vivo para servir o próximo.

 

Para finalizar, o que precisamos para mudar a política brasileira?

TF – Na política, os verdadeiros heróis são aqueles que trabalham em prol do povo e que, de fato, sonham com o crescimento da Nação. Acho que precisamos de mais referências positivas, mais pessoas aguerridas e dispostas a ocupar os espaços de decisão.

 

Por Suellen Siqueira / Ascom FRB – Especial para o Portal PRB
Foto: Douglas Gomes – Liderança do PRB na Câmara 

 

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