O racismo nosso de cada dia

Artigo escrito por Ireuda Silva, vereadora pelo PRB Salvador (BA)

Publicado em 15/5/2017 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 13:42

O racismo está impregnado na estrutura social, que norteia as relações que estabelecemos com os nossos concidadãos, seja na escola, no mercado de trabalho, no salão de beleza ou no supermercado.

Diferentemente dos Estados Unidos, onde o preconceito sempre se mostrou em tons mais vibrantes desde a violenta segregação racial ocorrida na década de 1960, aqui, em território tupiniquim, ele nem sempre exibe as garras em público, e sim de maneira sutil e dissimulada. Prefere lançar mão do discurso politicamente correto e progressista, mas não contrata negros e negras em seleção de emprego, por mais vultosos que se mostrem os atributos do candidato; acha um escândalo quando jovens brancos e da classe-média são presos com drogas e armas, mas encara com normalidade quando adolescentes negros são espancados ou assassinados nas periferias por razões semelhantes ou até de menor gravidade; ou quando, no dia a dia, classifica todo negro como suspeito, e acha que ele precisa ser atentamente vigiado ao entrar em uma loja.

A nossa situação torna-se ainda mais dramática quando olhamos para as nossas próprias trincheiras. Para se ter uma ideia, a Bahia registrou, em 2002, 924 assassinatos de jovens negros e 3.252 dez anos depois – um aumento de 251,9%. No que se refere aos jovens brancos, o número subiu de 75 para 227 no mesmo período, constituindo um aumento de 204,8%. Os dados são do Mapa da Violência, divulgado em novembro de 2014. Trata-se de um quadro preocupante, que sem dúvida reflete a vulnerabilidade à qual estamos submetidos, mas é inquestionável que os negros – e negras – são as maiores vítimas.

A luta contra a discriminação no Brasil remonta desde antes da assinatura da Lei Áurea, em 1888, e muito foi conquistado até então. Todavia, precisamos do compromisso de todos e todas para que possamos rever práticas e cobrar políticas de Estado e empreender modificações consistentes em nossa cultura. Caso contrário, estaremos fadados à estagnação.

*Ireuda Silva é vereadora pelo PRB Salvador Bahia

 

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